“Acreditar no Pai Natal”

PaiNatal

(todos os Natais o Pai Natal feito por ela, ainda anda por cá /94)

Quando a M. era pequena e andava numa escola dita um bocadinho “especial”, a questão de acreditar ou não no Pai Natal nem sequer se punha. Era raro o menino ou menina, por menos idade que tivesse, que naquele universo de famílias, fosse levado a acreditar numa história assim. Era vista principalmente como um “enganar-de-criancinhas”, ainda para mais sabendo que viria a ter de ser desmascarada, mais tarde ou mais cedo e fazer dos adultos responsáveis, praticamente uns aldrabões aos olhos das suas crianças 🙂 A sensação (parva, acho eu agora) que aqueles adultos tinham, era na maior parte dos casos esta…

Entretanto fomos para Itália e a M. no Natal, na sua nova escola, deparou-se novamente com o assunto. Ali, contrariamente a cá, não há menino nenhum que não acredite no Pai Natal e na “Befana”, a bruxa que, juntamente com os reis magos, vem trazer doces ou carvões aos meninos bem ou mal comportados.

– Mãe! Tenho uma novidade muito boa para te contar!

– Sabes?! – Afinal o Pai Natal existe!!! :))

… Ó M…. Lembras-te que já falamos disso? Em Portugal… Já te expliquei… A história que alguns pais contam a alguns meninos, porque provavelmente também lhes contaram a eles em criança…

– Não mãe! Não estás a perceber!  Afinal é mesmo verdade!!

– M…

– Foi a professora que confirmou, eu perguntei-lhe! As professoras não mentem! Tentei explicar a uma amiga que o Pai Natal não existia e ela ficou a olhar para mim e disse que eu estava maluca… Disse-lhe que a minha mãe me tinha explicado, que alguns pais contavam aquela história… Depois fomos falar com a professora e eu contei-lhe também que tu me tinhas dito a verdade… Ó mãe, a professora disse que era verdade, que ele existe!! Ele existe!!! Não é giro?! Estou muito contente, por te teres enganado… |:)|

Bem… Foi uma trapalhada de pensamentos… Andei horas a hesitar entre passar por mãe aldrabona, por deixar que a palavra da professora fosse de maior confiança do que a minha… E deixa-la viver aquela que afinal de contas era uma alegria (estava à vista) e sinal de inocência ajustada e possível apenas naquela idade, comum a todos os meninos do novo universo dela…

Fui falar com a professora, ainda falava mal italiano e lembro-me que não foi fácil 🙂 Depois de algum pasmo e estranheza, acabamos por chamar a M. à parte e a professora lá lhe explicou que de facto, mais do que o prazer do Pai Natal existir, a mãe era de confiança… Ainda assim, os outros meninos, todos, não podiam saber de nada, nem desconfiar e que por isso ela, embora da idade deles tinha que os “proteger” da verdade, como faziam os adultos…

A M. saiu da escola pela mão da mãe-de-confiança e quando chegou a casa, virou-se para mim, com um ar pensativo e decidido e disse:

– Sabes mãe, estive a pensar e percebi que se acreditarmos muito numa coisa é como se ela fosse verdade e eu quero acreditar… A partir de agora acredito no Pai Natal, olha que acredito mesmo! Por isso existe :))

Eu muito espantada a olhar para ela feliz e tão feliz por ela, que pôde e escolheu ser criança.

Ela tinha 6 anos e acreditou o tempo que quis acreditar.

Eu tinha 24 anos 🙂 e ainda hoje, “quase-acredito” 🙂

50 : ) Até que enfim!

 

Screen Shot 2016-05-02 at 8.33.10 PMPoder estar com a súper filha nómada, dois dias, foi muito bom : ) Entretanto um cigano (não tenho nada contra nem a favor das pessoas de etnia cigana), porque não lhe dei cavaco à enésima vez que me pediram dinheiro naquela tarde, parou de repente e ficou muito quieto, respirou fundo e murmurou com convicção uma lenga lenga, numa língua incompreensível e misteriosa. Estava lançada na conversa com a M. e aconteceu tudo muito rápido, passou…
No dia seguinte a meio da tarde, fui levar a M. ao comboio (soube-me a pouco) e na volta, chegada à casa-padaria, atirei-me ao Google e pesquisei: “reza contra praga maldição cigana”
Escolhi uma grande e que me pareceu a mais acertada e li-a em voz alta três vezes.
Eu de pragas e maldições não percebo nada, nem é assunto a que eu me dedique, mas convenhamos que, depois do que eu andei para aqui chegar… Era só o que faltava! Resolvido. O “contra praga” limpou e protegeu, ao que parece até muitas gerações, para trás… e para a frente. Aproveitei o “acontecimento” e decidi que a minha festa de anos dos 50 ia durar três dias : )

No nosso Paraíso

Aos 50 é tempo de aprender a fazer cestos, na linda Casa Modesta : )

 
Valentes : )
Orgulhosa : )
1º de Maio o dia acordou com os “Maios”
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perdidos No bosque encantado a apanhar “Palmas” para treinar o novo ofício : ) Da série “passamos a vida nisto”
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“Maio”s por todo o lado
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Bailarico : )
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Pôr do Sol : )
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: ) Até que enfim!

caiu-nos no colo

e gostamos tanto dele.

O grande é-me tão familiar… Sensações recuperadas de infância, talvez por causa das cores fortes, como as usadas pelas crianças e os traços de quem se atreve a ser livre e se diverte. A minha primeira infância teve quadros bons e felizes assim e depois perdemo-nos todos e foi cada um para seu lado, eu e os quadros.

Descubro-o na luz que tão bem lhe fica. Os amarelos que desaparecem à noite, mas que eu sei que estão lá e os azuis que à tarde falam comigo. É-me tão familiar. É bom.

Sinto-lhe a “energia-de-Primeiro”… Um Primeiro, que ainda a medo, se atreve a Ser. Gosto de lhe reconhecer essa inocência que não vai voltar a ser vista em mais nenhum, porque voar é também partir e a Graça já voa, mas que existe aqui. Vai ser sempre um Primeiro, na verdade com que enfrenta o medo, na coragem.

Caiu-nos no colo, como quem regressa a casa e que bem que nos fica.

Da talentosa e corajosa GRAÇA PAZ

#quase-vegetariana means,

I´m PALEO ♥

Um mês do que é fácil e bom para mim.

: ) Até que enfim!

O fim da papa doce *

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marias varbova

Sempre achei, quis, soube, que quando tivesse 50 anos ia ser uma rapariga em forma, pronto ok, uma mulher em forma. Sempre desejei, imaginei para mim, uma saúde-inteligente, fisica e emocional. Eu sofro, como qualquer outra pessoa, mas acho mesmo, estou profundamente convencida, que não nasci para sofrer e por esssa razão procuro a “facilidade” em tudo na minha vida, cada vez mais. Claro está que ser saudável, é muito mais “fácil” de se viver do que a doença, digo eu e é também e praticamente “só” por isso que nunca larguei a ideia da saúde como base para a felicidade. Aquela que todos, mas todos, queremos e procuramos.

Sou daquele tipo de pessoas que deixa sempre tudo para o fim, para o último momento. Tenho um grande problema, desde sempre com o raça da disciplina, que tanta falta me fez em alguns momentos na vida. Não há cá ir fazendo aos poucos… Um bocadinho de cada vez, custa menos… Nada disso. A mim todo esse modo de ser me parece mais o prolongar da chatice ou do sacrifício e enquanto o sinto assim, não descanso enquanto não acabo com ele. Houve mesmo quem visse essa falta como preguiça, nunca foi. Como teimosia, também não ou como soberba ou falta de humildade… Há quem de tão disciplinado, tramado e condicionado, acho eu, se sinta ofendido com o descaramento com que eu evito condicionar a minha criatividade, a minha liberdade, de expressão da minha pessoa, da verdade, do que afinal sempre me condicionou, o MEDO. Medo esse que me faz procrastinar o tempo todo num modo de fuga do que mais não é senão uma forma de ansiedade, da qual preciso me afastar (ninguém gosta, não é?). Mas medo de quê? De tudo um pouco… Medo de a “obra” ser maior do que o “artista”, Medo de não estar à altura da vida em geral, Medo de me encontrar desprotegida, Medo de ter Medo, Medo idiota, irracional e castrador. Durante anos senti-me como se estivesse sempre no fim da cadeia-alimentar, a precisar de sobreviver… Crédo! Tanto assim? Questionei-me eu, quando lá para os quarenta percebi isso de mim. Mas se afinal és tão corajosa… Mas se afinal és tão forte… Mas se afinal és tão de confiança… Já podes olhar para trás e ver que sim… Por que é que antecipas tantos cenários, imaginas e despistas coisas para o qual sentes necessidade de te preparar, mesmo achando que não vão acontecer, ainda assim? Não sei porquê, acho que nunca vou saber. Mas sei cada vez melhor, reconhecer como funciona e cada vez mais, sei também parar e “contrariar” o impulso que me leva para a “paranóia” do que às tantas vivia, como se estivesse a acontecer, mais forte e intenso do que a própria realidade, também ela tão intensa, original, de responsabilidade e desafiante e que me intensificava as certezas das possibilidades que me pareciam “tão prováveis” (às vezes ainda parecem) e que embora quase nunca se realizem assim, tinham o poder de quase acabar comigo e por isso a necessidade de me salvar. Uma canseira interna, que sempre fiz “naturalmente” e com aparente facilidade, sem que me apercebesse o quanto é injusto e desnecessário viver assim.

Bem, mas nem tudo é assim difícil ou mau. Eu cumpro prazos, ah isso cumpro. Por respeito ao compromisso que faço com alguém, comigo ou com a vida em geral. Sou muito leal aos compromissos e por isso pode-se dizer que sou uma rapariga muito responsável, mulher vá, muito responsável.

Dizia eu que sempre achei, quis, soube, que quando tivesse 50 anos ia ser uma rapariga em forma, pronto ok, uma mulher em forma. Imaginava mesmo que, podia facilmente chegar à conclusão que aos 50, estaria melhor do que aos quarenta, ou mesmo aos trinta.

Nunca fui adepta de desportos, mas o medo da doença (não confundir com a mania da doença), levou-me sempre a procurar informação de práticas saudáveis e naturalmente sobre a importância do exercício físico. Foi por isso que durante anos, sonhei com a capacidade de fazer yoga de uma forma disciplinada e integrada na minha vida de um modo prazeroso e fácil. Li tudo sobre o assunto, vi e senti como faz sentido e como o yoga vai muito para além do exercício físico. Respirar, foco, alongar, resistência, como isso me interessa e como me faria bem… Experimentei aulas, umas duas vezes, poucas aulas de cada vez. Descobri os ritos tibetanos, 5 exercícios mais simples de executar, para praticar todos os dias. Pouco tempo e fácil, o que é que eu poderia querer mais? Descobri, pratiquei, fartei-me, não teimei… Era só o que faltava! Não nasci para sofrer… Pelo meio tive a fase da corrida, que me salvou literalmente de uma depressão que corajosamente enfrentei, quando (me) (a)percebi dela. Ok já não me apetece, porque carga de água vou andar eu a perder o fôlego, com os bofos de fora e a doer-me as pernas, para trás e para a frente, agora que me sinto tão bem? Chega, acabou.

Eu cá sou daquelas que não sente necessidade de ir a lado nenhum, de tão bem que me sei sentir onde escolhi estar a fazer outra coisa qualquer do meu tempo livre, como por exemplo ler ou ver documentários ou conversar ou “apenas” discorrer. Não, não nasci para sofrer e gostos não se discutem, não é? Mas será possível que não exista um desporto-exercício-físico-que-me-dê-prazer-fácil-ainda-que-quem-sabe-trabalhoso e já agora que-até-me-torne-disciplinada-com-todo-o proveito-que-imagino-possa-daí-resultar?

Lá para os quarenta e poucos, quando andava numa correria entre desgostos e medos e responsabilidades mais do que nunca, conheci uma rapariga num grupo de mulheres (às vezes aparecia um homem), que se encontravam uma vez por mês e que literalmente me abraçaram e deram colo. A V., já não me lembro porquê acabou por ir comigo inscrever-me nas piscinas municipais, que dizia ela eram fantásticas e baratas.

– Vens comigo e vais ver que é muito bom! Ficas em forma num instante. Precisas de pouco. Eu há uns anos ia nadar todas as semanas e vi o meu corpo mudar muito rapidamente, garantiu-me ela. Num mês, se fores regularmente (pois…), vês resultados.

Assim, numa tarde de sol, lá fui eu e a V., que só tinha visto umas duas ou três vezes na vida, para a piscina municipal do Restelo de touca e óculos (por indicação dela e que diferença que faz!).

– Ok, diz-me ela em modo despachado. Sabes nadar, não sabes? Gostas mais de qual estilo? Nenhum em especial? Mas qual é o que para ti é o mais fácil? Ah, bruços. Ok, vais nadar só bruços. Podes começar. Fazes 30 piscinas e pronto, é sempre assim. Três vezes por semana e ficas em forma.

– Ahahahahaha, ri-me eu de nervos. 30? Ahahahaha, mas alguma vez eu consigo nadar 30 piscinas?

– Consegues sim, respondeu ela muito séria, mas se quiseres agora nas primeiras vezes nadas “só” 20 e depois aumentas. Vá começa que eu ainda tenho que fazer uma data de coisas hoje e não me posso atrasar.

– Ah, ok, ok, desculpa… (20… bonito serviço, menos mal que é só de bruços…).

Nunca mais foi comigo, não foi preciso. Fiquei tão espantada com a minha impensável capacidade de fazer 20 piscinas, muito motivada por querer corresponder à generosidade dela em ir comigo e ao desafio que senti e que de feitio gosto, que rapidamente nas vezes seguintes passei para as 30, número mágico da V. para ver o corpo mudar, que mudou.

Andei assim uns tempos, meses, noutra piscina municipal, duas vezes por semana à hora do almoço, perto do trabalho que tinha na altura e que me ocupava de de lua a lua. Depois veio o frio e eu em forma e com o meu instinto de hibernação, que todos os inícios de Inverno tenho de contrariar, nunca mais fui. Ah e tal, está frio. Uma chatice, o cabelo sempre molhado, ter de secar, despir, vestir… Frio. Agora está calor demais, tenção baixa… Apetece-me pelo que sei que representa, mas não me apetece ter de ir e passar por isso. Não nasci para sofrer. Nunca mais fui.

Estaria a mentir se dissesse que lido livre e feliz, cheia de auto-estima com a minha indisciplina. Fico sempre com a pulga a viver atrás da orelha, que não morde mas está lá e que vou dando por ela. São assuntos mal resolvidos que não me largam porque acredito na importância deles e só por isso (ai o Festinguer). Nunca pelo que poderá parecer, de desistências ou inconstâncias, quero lá saber do que parece. Não nasci para sofrer.

Tudo isto se passou, com muitas mais histórias pelo meio, mais desportos até. Quando finalmente, no início do mês passado de Fevereiro, de repente, a Pulga mordeu-me e lembrou-me o que eu sempre soube:

– o tempo antes de fazeres 50 anos está a acabar… É que, lembras-te? Fazes anos a 29 de Abril e por isso faltam, menos de três meses… Estás com uma catrefada de quilos a mais. Estás na Perimenopausa, que para quem não sabe é o começo de uma data de chatices que vão desde a dificuldade em manter o peso até ao feitiozinho exacerbado, que no meu caso, por um lado levo vantagem de ter nascido e sido a “Pulga” magricela, mas por outro o feitiozinho, digamos que não é mau mas sempre foi, muito… Enfim, podemos andar anos nisto, tal e qual uma “adolescência” tardia.

– O relógio está a contar, literalmente a olhos vistos e eu sei que tu sabes e que nos espreitas assim pelo canto do olho, rematou ainda a Pulga de trás da orelha.

“Burro velho não aprende línguas” e a facilidade para mim continua mais do que nunca a ser a minha prioridade. Principalmente porque sei, está visto, que só assim é que sou verdadeiramente feliz. Pode ser trabalhoso? Pode, mas tem de ser fácil e isso é uma coisa, já se sabe muito subjectiva… Ora deixa cá ver, fácil para mim neste caso é: Ambiente simpático; Ter pouca gente; Água quase-quente, um bocadinho mais do que morna; Balneários impecáveis. Fácil de estacionar: Perto do “meu” bairro, para onde vou todos os dias, respirar a calma das árvores que me pertencem, enquanto faço TOSCOS : )

Tudo certo. Existe uma piscina assim. Pago um bocado mais do que pagaria nas óptimas piscinas municipais e que aconselho, mas compenso com outro facto da minha já longa vida de rapariga a fazer 50 anos… Há tempos, por necessidade, deixei de comprar roupa e passei a receber de uma amiga querida a roupa dela que já não lhe “servia”. Como se faz às vezes com a roupa de irmãos ou de primos. Correu bem e mais tarde perdido o impulso, vicio, de entrar em lojas de roupa e andar ano após ano, em cada início de estação, atrás das “tendências de moda”, descobri as lojas da Humana e passei a vestir-me praticamente só de lá. Cada estação, um dia especial de 1 ou 2 euros a peça, gozo, paciência, “olho” e noção de estilo e de mim, 25 peças de marcas conhecidas, 25 euros. Hoje, nem de propósito e juro que não estou a inventar, uma senhora com sotaque de estrangeira, nos balneários volta-se para mim e diz: – desculpa… Sabe me dizer, onde comprou essa camisola. O meu cérebro deu um nó e eu fiquei, qual estrangeira também eu, a tentar medir as palavras e decidir o que dizia (digo, não digo? Será que vai entender?…) Ali fiquei de boca aberta qual peixe fora de água, até ela ir em meu socorro e ouvi-la dizer: – Já foi há algum tempo, é isso? Não se lembra? Não faz mal. – É isso, sim… Respondi eu : )

Sempre achei, quis, soube, que quando tivesse 50 anos ia ser uma rapariga em forma, pronto ok, uma mulher em forma e como sou uma Rapariga que me responsabilizo pela minha saúde-facilidade-felicidade, a três meses dos 50 anos, fui a correr inscrever-me numa piscina, com um passe livre e passei a nadar 40 piscinas, 4x por semana e 2 a 3 aulas de hidroginástica.

Estou lá há quase 2 meses e mais do que tudo estou a adorar de tão fácil que está a ser. O corpo mudou e mais do que o desafio que poderia motivar-me, até me fartar… O que aconteceu foi o que sempre desejei, exercício-fisico-que-me-dá-prazer-fácil-ainda-que-trabalhoso-e-que-até-me-torna-disciplinada-com-todo-o proveito-que-daí-resulta. Quase a fazer 50 anos até que enfim!

* Não faz mal porque eu não gosto de papas e prefiro o sal, que se for do bom até nem faz mal.

Genial

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Não gosto do movimento, ainda que subtil, nervoso, constante, de quem procura o que não tem, a alegria interior, a paz, a auto-estima, o Amor-próprio, no avulso das paisagens, no avulso das pessoas. É desassossego sim, feito de momentos que se desejam intensos, mas que nunca chegam para preencher o vazio de si. Não é bom o sentir deste modo de viver, porque resulta do mal estar que se esconde mas que existe.

Paisagens belas descartáveis, pessoas belas descartáveis, tantas. Nada enraíza, nada vem para ficar, porque não tem onde poisar, o Amor, o bem-estar. É sempre e só e sempre assim… Não é bom.

A alegria não está lá fora, ainda que o brilho de breves fogachos possa por momentos fazer crer que sim.

O tempo passa, os corpos envelhecem e a crueza do vazio, a cada cair do pano das paixões, é sempre pior.

Gold *

IMG_3194“A cor dourada está associada ao sol, à abundância (riquezas), ao poder, aos grandes ideais, à sabedoria e aos conhecimentos. É uma cor que revitaliza a mente, as energias e a inspiração, afasta os medos e as coisas supérfluas. A cor dourado claro é excelente para a depressão e equilibra a mente.” in O Significado das cores.

*no filter

Decência

A fazer 50 anos eu me confesso: Já votei com base em todas as lógicas, à esquerda e imagine-se, também à direita… Votos úteis muitas vezes, votos em pessoas, sem pensar em partidos, algumas. Sou por isso responsável também por toda esta desgraça de modo de viver e pensar a Vida. Mas estou a fazer 50 anos… : ) e gosto, gosto tanto da capacidade que fui ganhando de perceber que o foco na decência é o que tenho de mais precioso. Porque me liberta, porque me aproxima do que e de quem considero essêncial a uma Vida boa, feita de boas pessoas, numa esperança de Mundo bom. Acho que é a primeira vez que vou votar tão satisfeita comigo : ) Quero lá saber do voto útil, quero lá saber da(s) esquerda(s) e da direita, quero lá saber de um Futuro que será sempre Presente. Daqui em diante as minhas escolhas não vão ser cheques em branco, vão tão simplesmente premiar a Decencia. De quem trabalhou e defendeu aquilo em que acredito. Eles estão lá no parlamento a dar a cara e precisam, não de quem acredite que se tem de ser governo para defender essa mesma Decência dia após dia, assunto após assunto. A Decência precisa de gente assim, mais e mais gente assim. É uma geração valente aquela. Muito melhor do que a minha que ficou atrapalhada à sombra dos que desbravaram o caminho para depois dar cabo dele. A fazer 50 anos vai-se-me o MEDO e posso finalmente dar o voto à Decência, esperando que sejamos cada vez mais. Em nome da Liberdade, seja lá o que isso queira dizer, passo a passo vamos fazendo para já um Presente melhor. Desta vez é o BLOCO que leva o meu voto, pela decência. Hoje estou orgulhosa e contente de conseguir decidir assim. Beijinhos e abraços e “façam o favor de ser felizes”, sem medo : )

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IMG_0610IMG_0609Demorou 9 meses a ser feita, não porque fosse difícil ou elaborada mas porque não tive pressa. No fim do Verão passado comecei por namorar os restos da fogueira que alguém ali fez  e que imagino tantas vezes acende-la uma noite, mas temo sempre por um incêndio. E pensei nela. Depois no Outono tracei-lhe a medida e pensei nela, deixei-a assim. O Inverno chegou, percebi que tudo continuava ali como deixara, juntei-lhe pinhas, pensei nela. Primavera! Flores silvestres que não fotografei, pequeninas amarelas e roxas a cheirar a camarinhas e mar salgado, pensei nela. Tudo intacto, na impermanência das cores que acompanham os meses, pensei nela, até aqui… Um dia acontece, no tempo certo, na ordem-natural-de-todas-as-coisas, eu e tu à volta da fogueira.

Snobeira arraçada de Pulga

Acreditam que este Homem tem o descaramento de achar que eu gosto de humor tipo-malucos-do-riso e insiste nele até nos piores momentos… E não é que rio à gargalhada, com a Coragem do dito descaramento… Ele tem muita graça, essa é que é essa

: )

Comovo-me sempre quando recebo cartas dela. Reconheço-lhe as mãos que adoro de bebé-meu, no correr das palavras desenhadas, como só ela as sabe fazer. Gosto da palavra Mãe escrita, dirigida a mim : ) que Sorte : )

O Estilo, já se sabe, nasce-se com ele e como resultado de filha com estilo, mãe “Hortelã” em grande estilo  : ) e armada até aos dentes.

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a-ordem-natural-de-todas-as-coisas

“num mundo particular *

É importante dar passos que nos fazem sentir orgulhosos. E saboreá-los.

Enfrentar os medos de outrora, compreender as coisas que pareciam difíceis e perceber, no final de tanto, que há prismas em que a luz se desdobra em todas as cores e que só mais tarde conseguimos perceber.

Todos os dias, os muito bons, os bons e os outros (os maus, mesmo), unidos ponto a ponto, são o sentido do caminho que escolhemos seguir e da pessoa que decidimos ser (todos os dias).
E sim, podemos ser mais ou menos imperfeitos (muito, muito imperfeitos), ter dias mais ou menos felizes, mas o que importa, no momento em que pomos tudo na balança (da vida), é conseguirmos manter a mesma constância:
– a bússola calibrada pelo norte da nossa essência. Inteiros em tudo o  fazemos e em tudo o que damos. Porque só assim (isto tudo) faz sentido.” d´Aqui

*uma mulher genial*

“Ana Bola, sem filtro”

“Chorar a rir. Chorar e rir com Ana Bola.

Este é um texto simples sobre uma mulher genial .
Ontem fui ao Villaret ver a peça da Bola, “Ana Bola, sem filtro”.
Já estava combinado há muito e lá fui eu com o meu Ruben, a minha Vera Sacramento e o seu Luís, a minha Catarina Delgado e a sua querida mãe (cá por coisas da vida precisada de rir).
E o que é que eu vi?
Vi uma actriz de nome Ana Bola (que por acaso é minha amiga mas acreditem, se a peça fosse má, pura e simplesmente não escrevia sobre ela), retomando,  vi uma actriz de nome Ana Bola, com o público a seus pés, mais concretamente dobrado sobre os joelhos a rir à gargalhada do início ao fim.
Vi uma mulher com 40 anos de carreira, a superar-se em graça, acutilância e sentido de palco, na mais brilhante e arrasadora crítica do que é, actualmente, a televisão, o público, o país nas suas imensas virtudes e tragédias, recortado com inteligência e graça (tanta graça) por uma das melhores  humoristas portuguesas de todos os tempos. A Bola escreve, a Bola encena, a Bola interpreta, toca na ferida da estupidez nacional com muita coragem e sem pinga de concessão à facilidade.

Vi uma mulher, mãe, filha (filha!) ter a coragem de no meio das gargalhadas partilhar com o seu público fragilidades e angústias, receios e tristezas que são de todos nós .

Vi o Zé Nabo,  companheiro de uma vida, limpar as lágrimas de riso com um lenço.  Ao lado estava o Pedro Curto a emanar aquela boa energia e nervosismo de quem tem uma irmã em cima do palco. Tão bonitos, os dois.

Vi a mãe da Catarina (que cá por coisas da vida precisava de rir) rir tanto e com tanto gosto que até temi que lhe desse uma coisa, tal era o nível de gargalhada.

Vi a Bola no final agradecer, verdadeiramente agradecida, porque há pessoas que agradecem mas não estão agradecidas e nós público percebemos, ela estava tão agradecida,  feliz e comovida, uma mulher e um sofá, meia dúzia de adereços, a cabeça de um porco, um dançarino insuflável, uma mulher e o seu talento, a dar cabo de tudo de tal forma que por momentos, nos fez esquecer das nossas pequenas desgraças e fomos todos putos num parque de diversões.

A Bola dedicou o espectáculo ao pai que perdeu precisamente há dois meses e que esteve sempre presente nas suas piadas e nos seus gestos porque o amor é mesmo eterno.
(nesse momento vi lágrimas nos olhos da Catarina, do Ruben e do Luís que perderam o pai há pouco tempo e nos meus olhos e da Vera que por os amarmos tanto, nos comovemos também)

Tudo isto em hora e meia de um espectáculo de Teatro em Lisboa, em que cada bilhete custa apenas 10 euros e faz melhor, meus amigos, do que uma sessão com o melhor Psiquiatra do país.

Grande Bola. Muito Obrigada por esta noite. E sabes que mais? Eu comprava-te o servicinho do “pano encharcado na tromba”!

Este é um texto simples sobre uma mulher genial: Ana Bola.

Muito obrigada pela noite maravilhosa.” d´Aqui

II – A SACERDOTISA OU A PAPISA

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Reflexão e ponderação: o melhor caminho

A Sacerdotisa, arcano II do Tarot, emerge como carta de aconselhamento para este momento de sua vida. A recomendação aqui é simples, direta e clara: quietude, contemplação, espera. A planta não brota mais rápido por conta do nosso bel prazer e sim por conta de suas reais e naturais necessidades. Não tente precipitar o que demanda tempo, saiba esperar o tempo certo. Procure se voltar para dentro de si e buscar em seu próprio interior as respostas de que tanto necessita. Forçar os acontecimentos externos agora pode ser frustrante, pois o momento envolve a necessidade de introspecção reflexiva.

Conselho: Volte-se mais para dentro de si. O momento não é para ações exteriores.” Daqui

Pois, parece-me bem.

Wu Wei

Tantas vezes, há tantos anos, que reconheço e defendo a ordem-natural-de-todas-as coisas : ) todas interligadas e impermanentes, já se sabe.

Tantas vezes que neste encontro poderoso e desafiante das diferenças dos dias me “defendo” e explico, tal e qual assim : )

Wu Wei = O agir não agindo

“Diz-se no Tao Te King …que é um modo de viver que consiste em não fazermos nada de (artificial), convencional ou exclusivamente voluntario e em nos comportarmos sem tentarmos forçar as coisas a serem como desejamos, ou seja, termos uma conduta completamente serena, sem esforço e sem tensão, sem interferencia no curso natural dos acontecimentos”.

“Agir no não agir não é ficar parado. De todo. É poupar forças, energias e agir no momento certo que auxiliado pela intuição nos faz seguir caminho de forma constante, honesta, humilde e feliz. Agir no não agir é não querer ter tudo à nossa imagem, é entender que tudo demora os seus invernos para estar pronto, para brotar de novo em todo o seu esplendor, mas com algo mais aprendido, diferente, maturado.

Agir no não agir é saber que para tudo há um momento e que não é geralmente o nosso, o da pressa. É respeitar a ordem natural das coisas, é entender que nem sempre as coisas vêm até nós naquele momento porque vai haver outro mais certo que só a natureza sabe.” Daqui : )

 

 

FIM DA DISSONÂNCIA * FIM DAQUELA LINHA * UM MÊS DE OUTRA

 

Um mês sem comer carne, um mês em que não me fez falta, até porque posso come-la, está por todo o lado à minha volta… Mas não quero.

Há anos quase-vegetariana. Nos últimos um retrocesso. Para agora perder o quase…

Quem sabe no dia de anos me atiro a um prato de picanha, porque posso. Ou talvez não, porque não quero e por isso não me apetece.

Um mês a multiplicar aos números dos factos, a minha poupança.

Um mês de proactividade em defesa do que é o futuro dos meus filhos e quem sabe netos. Sou mãe, como podia eu ignorar…

OS NÚMEROS (texto pesquizado na net):

“Fiquei completamente transtornada com as informações que transmite.
Resumindo: a maior causa da poluição mundial é a criação de gado para consumo humano. Mas em números impressionantes, que nos deixam de boca aberta.
Todos os que têm preocupações ecológicas e que habitualmente separam e reciclam os lixos, apagam as luzes, fecham as torneiras, tomam duches rápidos em vez de banhos de imersão, tentam reduzir a sua pegada ecológica, devem ver e pensar sobre estes factos: um simples hamburguer precisa de 2.500 litros de água para ser produzido!
A poluição resultante da criação de gado é muitíssimo superior à poluição causada por toda a industria dos transportes (ou seja, por todos os carros, aviões e barcos do mundo). A produção de gado é responsável pelo consumo de 80% da água potável a nível mundial.
Se toda a comida (produtos de origem vegetal) consumida anualmente pelas vacas fosse consumida por humanos, acabava a fome no mundo.
A floresta tropical está a ser destruída à razão de um hectare por segundo (um campo de futebol por segundo) para criar pastos para gado. A criação de gado é responsável por 91% da destruição da selva amazónica, o pulmão do planeta.
Os números falam por si:
Para produzir um litro de leite são precisos mil litros de água – o equivalente a dois meses de duches.
Para produzir meio kg de bifes são precisos 9500 litros de água.
Nos EUA 5% do consumo de água corresponde ao consumo doméstico, 55% corresponde ao consumo para produção animal.
Da produção animal, só nos EUA, resultam 3.500 milhões de kg de excrementos por minuto.
O gás metano e outros gases poluentes libertados por estes excrementos são responsáveis por 51% do efeito de estufa.
A criação de gado ocupa 45% de toda a área da terra.
A criação de gado é a principal responsável por extinção de espécies animais, zonas mortas dos mares e alteração de habitats.
Por cada kg de peixe que se pesca e serve para consumo humano, 5 kg de peixes e outras espécies marinhas que não se comem são apanhados nas redes de pesca e mortos.
Todos os anos cerca de 650.000 baleias, golfinhos e focas são mortos por barcos de pesca.
Enfim, é um quadro muito negro.
E o mais grave é que as organizações ambientais parecem estar a assobiar para o ar, relativamente a esta tragédia. Até se recusam a falar sobre o assunto.”

Sou mãe, como podia eu ignorar…

 

Não gosto do Stº António com o menino ao colo

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Hoje o dia acordou cinzento, um dia-raios-o-parta como chamo eu normalmente a estes dias e ao sentimento que normalmente os acompanha.

Saí à rua e olhei em frente para o “meu” Mercado moribundo. Embora já lá não esteja durante a semana, deixei lá o meu coração para sempre até ao seu ultimo suspiro. Reparei nas crianças, pequeninas, dois, três anos, acompanhadas por três adultos, duas mulheres e um homem. São da creche da misericórdia que existe aqui ao lado. Paro sempre para me encantar, sempre que as vejo passar.

Nisto vejo o homem dar um passo em frente e “rosnar” a um menino. Agarrou-o por um braço e gritou-lhe uma ordem autoritária enquanto o sacudiu com violência e o levantou no ar . – Não fazes o que eu te digo?!

Não precisou de dizer mais nada. O gesto violento com que o sacudiu e o agarrou chegou… As mulheres assistiram caladas e ensaiaram uma “brincadeirazinha” com as outras crianças. – Quem vem a correr atrás de mim? E foram todos, aos saltinhos, quais patinhos.

Continuei a olhar o homem e o menino que nunca mais largou. Tal como não me largou o sentimento de estar a assistir a algo profundamente errado. Eu, com dois três anos, teria chorado se me tratassem assim… Atravessei a rua, subi a rampa de acesso ao Mercado, o “meu” Mercado. Aproximei-me das crianças e deixei-me notar pelos adultos que repararam em mim. Havia desconforto sim, meu mas também deles… Observo o menino naquela mão bruta, de olhar parado, demasiado parado para uma criança tão pequena. Ouço então uma voz esganiçada – Meus amores, vamos embora…, diz o homem. Ele sabe que o observo. Uma onda de asco de revolta, enche-me o peito e dou comigo a aproximar-me da criança, presa na mão do bruto, e a dizer-lhe nos olhos que é um menino muito lindo. Não sei se ainda tem olhos para perceber o alcance da coisa… Mas os adultos não reagem com a estranheza esperada ao avanço de “uma louca”, continuam a andar como se eu não existisse, elas cada vez mais a denotar desconforto e ele absurdamente calado. De instinto aos gritos, com o errado de tudo aquilo, do desconforto dos adultos e do olhar da criança sem vida, espetei o dedo no ar e gritei-lhes o que me ia na alma. – Atenção!… Não gostei do que vi, ouviram?!! – Há qualquer coisa de muito errado aqui! – Estou de olho, estão a ouvir?!!

As mulheres baixaram os olhos, dos meus. O homem nem sequer reagiu. Nem sequer questionou…

Entro no Mercado a tremer de medo de mim e do Mundo e “peço-colo” a quem nos dois últimos dois anos e meio me adoptou como família. Desabafo a aflição que nem sei explicar e que para elas “é a vida, temos que cá andar…”. – Sabes… Esse aí não engana ninguém. Está no lugar de um outro que está preso porque descobriram que fazia “coisas” às crianças até que uma mãe fez queixa dele. – É a vida… Temos que cá andar.

: (

Não gosto do Stº António com o menino ao colo. É preconceito? Até poderá ser, mas não gosto.

Quase, quase a fazer um ano…

que o pior do medo dos outros, se entranhou em mim.

(2:00)

– Tens medo de quê?

– Não sei… Sou a amígdala, é suposto estar em alerta e avisar-te dos possíveis perigos.

– Mas isso é um exagero… Já me avisaste do perigo, que aliás, devo lembrar-te eu também, não é de morte…

– E depois tu sabes… Que também és a mais corajosa a abraçar a vida nas emoções, sem tabus ou preconceitos, que são tantas, tão para além do medo, boas, leves e merecidas.

– Sim eu sei… Coitado do Adamastor… Sabias que ele ficou assim, bruto e zangado, porque sofreu de desamores?

– Não, ele ficou assim porque lhe mentiram…

– Ah, pois… E a nós? Mentiram-nos?

– Não, mentiram a si próprios e nós não percebemos, ou não quisemos ver.

(7:40) Elevador, passado o Cabo das Tormentas 🙂

(2011)

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Cartas de Amor

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Anos de sufocos, de sustos, de medos, de pasmos, de responsabilidades. Com o passar do tempo fiquei com medo da caixa do correio… Contas maiores do que eu, minhas e dos outros…, avisos, notificações. Houve alturas em que o pânico do correio era tanto que combinei com uma amiga trocar medos… Ela abria-me a caixa e eu ouvia-lhe as msg de voz… As raparigas são assim… 🙂

Aos poucos, devagarinho, aprendi a lidar com o-meu-pseudo-martírio, ainda que quando estão lá muitas cartas cerre os olhos como se estivesse à espera do susto num filme de terror…

Diariamente olho-a de lado, tento perceber se já está a transbordar de publicidade e se o carteiro ainda consegue pôr lá alguma coisa. Volta não volta, em dias de coragem em alta, normalmente em fim-de-semana, atiro-me a ela e dou-lhe um ar de normalidade.

Ontem, bem… Ontem à noite, por sugestão, fui ver o correio e por cada três cartas, das que não gosto e molhos de publicidade para a reciclagem, estava uma de amor 🙂 Postais e envelopes, desenhos, suspiros e promessas também de coragem…

Quando o Amor nos lambe as feridas uma a uma, é muito bom 🙂

Mulheres-da-minha-vida no País das Maravilhas

Papoilas(2010)

Caí no buraco, de repente estava ali. O calor, intenso, parado, do Alentejo. Fui de manhã, com a mãe-amiga, as duas cúmplices e contentes, juntas.

Uma casa, um telheiro, mesas, alguidares, homens e mulheres, carne de dois porcos, alimento para todos, os que ali foram ajudar, até ao ano que vem. Estranham-me apenas no segundo antes do meu primeiro sorriso, para logo em seguida ficarem contentes por mais dois braços. Para eles é assim simples.

Fico encarregada de tomar conta do fogão que vai cozinhando petiscos e preparando o almoço. Embalo carnes e banhas, congelo em doses, misturei temperos. Ninguém questionou nunca se eu o saberia ou poderia fazer, tenho dois braços…

Quase todos mais velhos, eles e elas, marcados, desdentados, leves… Debaixo do telheiro corre uma aragem morna a contrariar o calor de verão avulso. Os homens afiam as facas e separam, limpam, cortam, migam. Um cachorro chamado Andreia Joaquina da Silva, uma cadela velha a Maravilha. Contam-me que nem sempre foi assim, homens junto das mulheres a fazer aquele trabalho. A eles cabia-lhes matar o bicho. Mas que agora já é diferente. Encho pela primeira vez os pulmões de ar, suspiro fundo. Sinto-me bem ali, só eu, acompanhada, segura… A mesa grande da cozinha começa a compor-se. O panelão de sopa farta borbulha. As primeiras carnes derretem na gordura fresca, os temperos, o cheiro dos coentros, alhos e pimentão.

Uma senhora de cabelo branco, vestida de preto, vai lavando a loiça. Faz também pacientemente uma salada de frutas, mais outra de alface e tomate da horta, perfeitas. Corta-se o pão fresco e denso.

Todos à mesa, já de tarde, desta vez o impulso enraízado foi maior e os homens sentaram-se todos juntos de um lado e as mulheres do outro. O calor agora lá fora está no máximo, o cachorro gane porque ficou sozinho, e a D. Arlete, senhora da casa, – coitadinha da Andreia Carolina da Silva… não quer ficar sozinha! Um homem levanta-se e vai abrir a porta à cria, que sossega debaixo da mesa e dos nossos pés.

Lição de vida, falou-se e ouvi falar de tudo, da natureza, das plantas e doenças e dificuldades deste ano. Trocam-se sabedorias e relaxa-se com a sopa a abarrotar no prato. Os impostos, a horta, os políticos, a agricultura, Cuba, o casamento do Lobo Antunes, as febras os torresmos fininhos, azeitonas, a enorme e maravilhosa salada, batatinhas. Vinho tinto, claro, a senhora de preto bebe Coca-Cola zero, porque está a tomar medicamentos. – A Coca-Cola deve ter qualquer coisa, que até limpa uma moeda. Sabes Joaninha, aqui podem faltar muitas coisas mas ninguém passa fome, dá para todos. Só não há para quem não quiser trabalhar! …Acho que consegui ainda assim sorrir, ainda que com o olhar desfocado de quem assistia à explicação mais certa e simples, de toda a minha vida.

Ainda fomos à horta, onde estivemos as duas, em silêncio, sentadas no chão ao sol, a apanhar ervilhas e favas no meio de um mar de flores, tantas papoilas. Suspirei fundo outra vez.

Regressámos em conversa, com tempo e intimidade e as emoções demasiadas. As lágrimas caíam agora no silêncio, pus os óculos escuros e chorei o tempo que durou o pôr-do-sol.

O Rei vai Nú!

Esta noite, depois de uma ida ao cinema que deu em “vómito”, dormi ferrada como faço sempre instintivamente quando preciso de me curar. Tenho sorte.

Acordei devagar de um outro mundo para este e confirmei a paz de volta. Que a saúde ando, também devagar, a tratar dela. O Amor ajuda.

De ontem:

“Ai como eu gostava de saber escrever, tudo o que consigo pensar e até explicar por palavras e olhos-nos-olhos. Mas não sei e por isso, ainda assim, em modo de “Purga”, caso contrário ou vomito literalmente ou dou cabo do fígado.

Fui conhecendo e reconhecendo, durante toda a minha já longa vida, pessoas que passam pela vida a representar. O poder da imagem, não só da auto-imagem, é para elas um assunto tão sério, que tudo ou quase tudo passa por aí, onde a capacidade de se “representarem” espontaneamente e verdadeiramente como seres humanos, belos porque também cheios de imperfeições e vulnerabilidades, torna-se uma impossibilidade.

Um ser humano que vive da imagem que projecta dentro de si e para os outros, perde pelo caminho a possibilidade de aprender, de se conhecer, de “crescer”, de se aceitar, de ser livre… Quando se passa pela vida com a pressão do parecer, com o juízo constante do que se quer esconder e que não está bem, nunca estará. Quem passa pela vida como se de um palco se tratasse, inevitavelmente é um mau actor no que se refere à representação da sua humanidade. Mau actor, porque será sempre um contra-senso, representar o que devia ser natural.

Hoje fui ver um filme que me apanhou de surpresa. Não pela história, é uma historiazinha, não pela imagem, está “certinha”, não pela música é “ligeirinha”, não pelos personagens, porque desprovidos de “história”, porque incompletos, tão incompletos.

“Num outro tom” foi o “melhor filme” que vi na minha vida a descrever o que de pior vejo, sinto e reconheço, numa “categoria” de pessoas, de ambientes e de “futilidade”-Humana, do Parecer em detrimento do Ser. Podia-se dar o caso de ser um filme em modo de critica social ou de pôr a nu dificuldades, vulnerabilidades humanas e sim, aí sim, seria excelente. Mas não, não é uma critica, nem um encarar de frente as dificuldades de tantos. Acredito, aliás, que será um filme “adorado” por muitos, todos os que se “veêm” na sua precária condição humana, ali tão bem representados, mesmo que não saibam identificar porquê…

O gajo-Especial-Original (da minha idade, 48) já meio decadente, porque entretanto deixou de convencer, na sua actuação de Especial, de vida, de imagem e a quem é dada mais uma oportunidade de se sentir protagonista da única coisa que sabe fazer, Parecer (na tentativa de se sentir) Especial. A mulher de quem está separado, também ela já meio decadente porque já tendo desejado parecer Especial, já não o é nem consegue Ser.

A jovem-mulher-Especial-a-fingir-que-é-tudo-natural-e-genuíno e que passa o filme a tentar, em esforço, representar a humanidade ou a profundidade de sentimentos que na verdade despreza por incapacidade. Conseguimos ver para além do personagem e perceber a dificuldade genuína da actriz na vida real de se expor ao Sentir. Que aflição… As poses de “modelo” a querer ser descontraída e espontânea, num simples encostar a um carro, num simples abraço, num simples caminhar transformado em desfile. O riso consciente, que se quer sincero na consciência de se ter uma beleza, dita “Especial”, quase transformado em esgar. Mau, muito mau.

No meio disto tudo, uma miúda que perto de tantos constrangimentos “naturais” dos outros actores, parece óptima actriz, não fosse o pouco que aparece. Só senti empatia por ela porque foi a única que se mostrou “honesta”.

Tudo construído em função da Imagem, de uma Imagem. As escolhas dos cenários, o guarda roupa, os ambientes… Misturados com clichês, tantos, que poderiam ter sido explorados mas nem isso.

Curioso, agora que penso, o fim que o realizador e argumentista dá, também ele muito provavelmente em-modo-de-vida-especial-original, a caminho da decadência… De repente o gajo-Especial-Original-decadente, volta para a mulher e aposta na família e nos sentimentos. Tudo praticamente resolvido numa cena meio apatetada, como se de dois adolescentes eternos se tratasse. Por sua vez, a jovem-mulher-Especial-a-fingir-que-é-tudo-natural-e-genuíno, numa faceta que também lhe pertence de inteligente e implacável, resolve tomar as rédeas da sua própria vida numa versão de actualidade, que rapidamente será outra e por isso também ela “condenada” à decadência.

Vem-me de repente à memória a Amelie, tão fantasticamente representado pela Audrey Tautou, tão Especial.

Também me lembrei da cantora Feist… Mas fico-me por aqui, porque já me sinto muito melhor e tenho mais que fazer.

Não me serve de nada esta “critica”, excepto o vómito do que me fez mal presenciar. Na verdade ir ao cinema e vir de lá enjoada era escusado.

O Rei vai !

“Num outro tom”

Só a tua vontade te leva ao topo

387537

 

a-ordem-natural-de-todas-as-coisas

Em tempos de balanço…

Não me apetece falar do ano que passa nem do outro, nem do outro. Na verdade já não me importam nessa medida. Importa-me isso sim, o que começou um dia e que sem parar chegou aqui e aqui foram e serão todos os dias.

Volta não volta espreito coisas que escrevi de mim, para mim, ao mundo, em blogues antigos. Mais do que “me” relembrar, gosto de perceber onde estou agora, em relação ao que fui e perceber que no aparente caos-avulso da vida, sou sempre eu, cada vez mais de braços abertos para o meu sentir.

2011

Amor 

E eu que as sei viver assim, e depois de me ter atirado hoje a elas mais uma vez, com a coragem de quem prefere pôr à prova os próprios limites, para se testar e quem sabe ir mais longe… Estou de ressaca… Não sei por quanto tempo mas a razão vai ser a minha “única” amiga… Ahahah, Mestrado em Psicologia das Emoções… Tem juízo Joana, racionaliza e lembra-te que também gostaste sempre de Nutrição!! Afinal “somos o que comemos” 🙂

3min. dp…
“Racionalizar” as emoções, dar-lhes a mão, abraça-las, desfrutar das boas, porque não nasci para sofrer embora sofra e seguir em frente.

Este ano que passou reparei e confirmei que o conceito de “controlar” tem frequentemente um mau sentido subjacente, também de mesquinhez e mediocridade.

Quando for “crescida” quero ser, ainda mais livre assim 🙂 Nem a ressaca impede “a-ordem-natural-de-todas-as-coisas” 🙂 ”

 

 “a-ordem-natural-de-todas-as-coisas”… 

Três anos depois estou a ler… Curioso… : )

A Marca de Todas as Coisas

*O importante é ser feliz*

“Ter Razão

Albert Camus dizia, “a necessidade de ter razão marca uma inteligência grosseira”.

Não descobri exactamente o contexto em que o afirmou (e gostava pois parece relevante), no entanto foi uma frase que há anos me marcou. Porque reflecte uma ideia muito pessoal, que tenho há bastante tempo: importante é ser feliz, não provar que tenho razão.

Se provar que se tem razão é bastante concreto (basta fazer uma lista das vezes que se impõe a outros a nossa opinião divergente),  o outro é abstracto: o que é ser feliz? para mim ser feliz é sentir-me bem. E só me sentirei bem se isso também acontecer àqueles que amo.

Para me sentir bem, muitas vezes é necessário lutar pelas minhas vontades. Lutar com inteligência, percebendo que importante é o objectivo final, e não a alimentação do meu ego durante as fases intermédias, tipicamente de confronto. Tenho reparado que é comum pessoas atirarem-se ao embate violento e à retórica  com unhas e dentes, e, entretanto, como a necessidade de ter razão se tornou o objectivo, utilizam quaisquer meios ao seu alcance para o atingir. No final, cumprem o seu objectivo: provaram ter razão, mas falham a longo prazo, porque destruíram à sua volta e, aos poucos, mais e mais se afastam decidindo que não vale a pena, ou então entrando numa guerra pela razão, da qual ninguém sairá vencedor. Continuo a assistir a estes comportamentos pessoais vezes sem conta, e continuo a verificar que criam muito sofrimento e afastamentos irreversíveis à sua volta. Naqueles que desta forma se comportam noto uma espécie de bolha à sua volta, criada pela sensação de razão e de felicidade simples nele e naqueles que com ele partilharam a “guerra”. Felicidade fácil, em geral efémera, e destrutiva em muitos de quem se gosta. Frequentemente agarram-se a novas oportunidades, pensando que tudo será diferente, mas, a longo prazo, quando algo correr mal, não saberão comportar-se de outra forma.

O confronto é absolutamente necessário, mas nas alturas certas, usado como táctica e não como estratégia, levando em conta o objectivo final: ser feliz. O conceito de “altura certa” varia, em grau e oportunidade, sendo talvez aqui que se nota a diferença entre os que se aproximam mais de um ou outro comportamento. O confronto violento é, na minha opinião, como a utilização das armas de fogo: quando se empunhar é para usar e com consequências. O que significa que, quando se percebe que é hora de parar, depois de ponderar, decide-se e segue-se em frente tentando que a reacção seja tal, que é imparável e consequente.

E todos estes argumentos porque vejo à minha volta pessoas afastarem-se de quem a eles está ligado por laços definitivos em nome da vontade de ter razão. Deixa-me triste porque é tão mais comum do que o contrário. Deixa-me triste porque é estúpido, sem sentido. Deixa-me triste porque gosto deles!”.

Sérgio Ferreira

Nota: Eu quanto a armas, esqueçam lá isso. Para mim, de um modo absoluto, não deviam ter sido nem sonhadas nem inventadas, muito menos comercializadas e usadas.

Vénia

“Eu, pessoalmente, também acho que é impossível e que esta coisa de ganharmos direitos não nos ilibou dos deveres: acumulámos tudo. O que é desumano, ridículo e injusto. Diria mesmo: revoltante.
É uma questão de opção, é.
Convém é lembrar que nós (mulheres/mães) não podemos fazer o pleno mas ninguém pode! Os homens/pais, também não. E se é uma questão que se nos coloca, também se lhes coloca a eles. Parece é que há muito tempo (regra geral e com as devidas excepções, que também conheço) que a resposta já estava dada, por defeito!
A escolha, sendo uma escolha, deve ser explícita, para que não haja equívocos nem falsas expectativas. E deve permitir que o outro (outra) faça uma escolha, consciente, também.
Ou então, definitivamente, que se partilhem as falhas. Nos dois campos: família e trabalho.”

Daqui: http://30epicos40etal.wordpress.com/2014/07/04/tempo-de-qualidade-my-ass/

Vénia

Quero o divórcio

Ainda sobre se um dia mudo de vida, fiquei a pensar no texto da Ana e nessa coisa do capricho. Quando aos meus 14 anos decidi que queria brincar com letras e espaços, isso poderia ser considerado um capricho. Nem sei se não terá sido para alguém próximo. “Mas então a miúda vai estudar para fazer desenhos?”. Ainda hoje o puto cá de casa, e porque é muito jovem para perceber o que eu faço na vida concretamente, acha que eu passo o dia a fazer desenhos. A minha avó, não sabe o que eu faço, para ela é uma incógnita. “Mas então se tu não escreves, não fazes as fotografias, que fazes tu no jornal?”. Um capricho, avó e chama-se design.

 

Portanto dizia eu, em tempos, há x anos atrás {não vamos considerar a minha idade}, cumpri um capricho: brincar com letras e espaços. Correu bem meus amigos, isto para os mais cépticos. Correu bem na medida em que nunca fui desempregada – felizmente! – consegui até, a dada altura da minha vida trabalhar por conta própria e posso com orgulho dizer que foi a altura em que melhor fui paga. E muito trabalho eu tive.

 

Este capricho permitiu-se fazer logos de empresas ditas a sério, trabalhar em 3 jornais, 1 dos quais tive a felicidade de fundar e fazer parte de todo o projecto inicial, livros com fartura – e poder lê-los em primeira mão -, cartazes de concertos, de todo o tipo de espectáculos, flyers de botecos em Santos até chegar aos que servem de informação útil para feiras de vinho, muitos convites de casamentos e todos os detalhes necessários para noivos felizes, capa de discos que são obras primas, rótulos de vinho e tanto mais que já não lembro. Foi um belo capricho o meu.

 

Porque raio é que agora, a caminho dos 40 – vá, ainda com uns quantos quilómetros para percorrer – acho, atrevo-me a pensar, que ensinar yoga ou pilates, cozinhar por amor, ter um hostel onde preparo o pequeno-almoço e dedico tempo ao pormenor que vou deixar em cima da almofada, pode em algum momento ser considerado capricho? Só, pelo simples pormenor, de me poder fazer feliz e dar dinheiro?

 

O meu capricho de há x anos atrás deu felicidade e deu-me dinheiro, imagine-se. Mas a vida mudou, o dinheiro de agora nem chega quase para me deslocar ao trabalho, o trabalho – esse – deixou de ser prazer. “Ah e tal mas tens emprego contra n desempregados neste país” – é certo, mas o mal está no meu dito emprego ou na taxa de desemprego?

 

Não é um capricho, nada disto é um capricho. Querer ser feliz – acomodando as exigências e dureza da vida, pois claro – não é um capricho. É querer ser feliz. E porra, se eu não tenho direito a isso.

 

O problema está no salto. Está na mudança. É quase como se de um divórcio se tratasse. Nunca passei por um, mas passei por uma separação e sei bem o que implica essa mudança: prática e emocional, ainda que possa ser o desejo. Pois bem, com os dados todos na mesa posso de forma segura afirmar que quero divorciar-me da minha profissão e deste emprego.
Quero o divórcio. É isso.”

Daqui: http://avidamadrasta.blogspot.pt/2014/07/quero-o-divorcio.html

♥ Liberdade ♥

Em tempo de adolescentes, andam violas espalhadas pela casa e eu decidi que até ao verão, vou aprender uns acordes, com aulas que encontro no youtube. Alguma teoria já está e agora é começar a treinar, treinar, automatizar os gestos, em acordes simples. Depois, quero aprender a tocar duas músicas, já tinha decidido só não sabia quais.

“Straight From The Heart”

Amor

fotografia

Três da tarde, eu na “minha rua” a pisar a relva, ao sol (finalmente!), debaixo das árvores e dos pássaros. Morno, sem vento, quente. Toca o tel. : )

– estou na pista sózinho, os rapazes foram dar uma volta por outro lado. Vou dar-te a mão e vamos descer os dois, não desligues : )

– sim! : )

– Cá vamos! Ouves o gelo? Está sol, está tudo branco e lindo. Wow, vamos depressa, ou que é que pensas?

Eu a rir, sózinha com os pássaros, ao sol com ele de mão dada, tanta neve!

purga em forma de lembrete

1969 Pippi Langstrump - Pippi Longstocking (foto) 08Para os desconfiados: a inteligência por si só, não compromete a honestidade, porque essa é uma questão de Carácter.

Para os deslumbrados: eu não tenho “umas” noções, eu tenho as noções todas e ainda assim não me condiciono aos limites do “guião” que me roubaria a Liberdade.

Para os invejosos: Para além da Liberdade-de-mim, a capacidade de ser Feliz, essa, eu tenho-a.

 

 

mais Vénia

inveja11

Sr. Ministro,

22 de Janeiro de 2014 às 12:45

Podia começar por citar Einstein com a tão badalada frase sobre a estupidez humana mas partindo do, provavelmente errado, principio que já a conhece, prefiro citar o Ricardo Araújo Pereira: “a liberdade de expressão é uma coisa linda: permite-nos distinguir os idiotas”. Salvaguardo já alguma pequena incorrecção mas ouvi isto na rádio (sabe o que é? aquele aparelho que tem no carro que lhe dá as notícias e o trânsito? já ouviu falar de Maxwell? Foi a investigação dele na teoria do campo eletromagnético que deu origem à invenção do rádio, sabia?). Pois sr. ministro, acontece que depois de ler as suas declarações em que se diz “contra bolsas científicas longe da vida real” não podia deixar de sentir a maior repulsa por tamanha idiotice.

Antes que o sr. ministro se interrogue se não serei mais uma desesperada bolseira sem bolsa deixe-me esclarece-lo: já fui, sim. Sou doutorada em astronomia numa universidade pública (a melhor do país diz-se), essa ciência que, ironia das ironias, não podia estar, segundo os seus critérios, mais longe da vida real – mas, note bem, sou agora analista de negócio na Sonae – quer mais real que isto? Tenho por isso muito mais legitimidade em falar sobre este assunto do que o sr. ministro alguma vez terá, tendo o sr. ministro feito faculdade e carreira em privadas, sem sentir o seu, ainda que exíguo, talento avaliado, enxovalhado, esmiuçado e, por fim, recusado. Pois eu, e milhares de outros em Portugal, já. E, sabe, os astrónomos já têm algum poder de encaixe e alguma tolerância jocosa tantas foram as vezes que, por um lado, os ignorantes nos perguntaram se lhes líamos as cartas astrais e, por outro, os ignóbeis nos acusaram de não fazer nada pela sociedade.

Mas é por ter sido bolseira – não se amofine, não fui bolseira FCT, fui recusada vezes a mais do que as que me dei ao trabalho de contar – que lhe posso dizer que, não fossem as suas declarações mostrarem um profundo desrespeito e desconsideração por milhares de investigadores deste país, chegaria a ser ternurenta a sua ignorância – faz lembrar a minha avó, analfabeta repare bem, que há uns anos atrás me perguntou muito indignada o que é que eu aprendia na escola se não sabia a diferença entre alcatra e chambão.

Quando falo em milhares de investigadores não é de animo leve, o número traduz não só os que agora ficaram sem bolsa, sem projectos e sem expectativas: inclui também todos os que até agora contribuíram para que Portugal deixasse a cauda da Europa e todos cujo trabalho ficou agora hipotecado porque, sem querer ser dramática, pura e simplesmente deixou de haver futuro. Da minha parte, escolhi experimentar aquela que o sr. ministro designa de “vida real” e estou cá fora – segundo o sr. ministro, estou fora do sistema das bolsas, estou agora num sistema perfeitamente bem regulado e previsível que é o mundo empresarial, correcto? Confesse sr. ministro, deu-lhe uma certa vontade de rir. O seu argumento é tão falacioso que um incauto até acredita que existe tal coisa como “ciência longe da vida real” – isso é o mesmo que dizer “astronomia longe das estrelas” ou até “futebol longe do Pinto da Costa”: a ciência nunca estará longe da vida real da mesma forma que um prédio não está longe dos tijolos.

Se se quer referir à investigação científica que gera receitas então aí sr. ministro, assusta-me mais a sua sanidade mental, ou falta dela, do que as suas idiotices. Se tiver ligação à internet sr. ministro (já ouviu falar do CERN? esse laboratório de física de partículas, longe portanto da “vida real”? Sabe então do papel do CERN no conceito da world wide web.) pode procurar pelo ROI (return of investment, é a sua praia de certeza que sabe o que é) do programa Apollo (pois, imagino que o feito da humanidade que foi a ida do Homem à Lua não lhe interesse minimamente) e, com certeza para seu espanto, pode verificar que por cada dólar investido no programa, e foram 25 mil milhões de dólares, houve um retorno de 14 dólares. 14. Sabe multiplicar?

Que a vida de investigador, o bolseiro em particular, nunca foi fácil em Portugal isso é um dado adquirido – quer-se rir um bocadinho sr. ministro? Sabia que existe código de atividade profissional para astrólogo (CAE 1316) mas não existe um para investigador? LOL sr. ministro, LOL – mas já se perguntou porque é que apesar de não termos subsidio de férias nem de natal (imagine a nossa confusão em sentir a revolta dos portugueses quando o seu colega sr. primeiro-ministro cortou nos subsídios), de não sermos cobertos pela segurança social, de não fazermos descontos, de termos valores de bolsas que não são revistos há mais de uma década, e outros tantos desajustes com que, com certeza, está familiarizado, continuamos na ciência? já alguma vez pensou nisso? porque, acima de tudo, somos uns sonhadores. Temos que ser sonhadores, temos que ser loucos, acreditar no que não existe, no que não vemos, no que não podemos tocar nem ouvir, temos que ir atrás para perceber porquê, perceber como, temos que questionar, dizer que não, temos que amarrar uma chave a um papagaio e largá-lo no meio de uma trovoada, que deixar as nossas culturas ganhar bolor e ousar pensar que a terra não é plana.

Se o sr. ministro acha que o sonho não tem lugar na “vida real” então tenho pena de si – tal como as crianças acreditam que os ovos vêm do supermercado também o sr. ministro deve acreditar que o seu rato sem fios veio da fnac. Se assim é sr. ministro, está no seu direito, mas então não se envergonhe e, mais importante, não nos insulte.

Sem mais

 

https://www.facebook.com/notes/paula-brochado/sr-ministro/10152005816303305

ainda em Vénia : )

“Uma grande posta de pescada e o consequente arroto   (link)

(tinha aqui esta posta alinhavada e não havia meio de sair o arroto, por isso vai mesmo assim, aos soluços, sem links e sem qualquer tipo de polimento e por isso peço desde já desculpa)

Hoje em dia já se sabe, tudo tem de ser lindo, perfeito e sexy. As mulheres querem-se impecavelmente retocadas em Photoshop. Para além disso parece que também é cada vez mais comum mulheres famosas afirmarem que são feministas. Quando vi a Beyoncé dizer que é feminista deu-me vontade de rir. Achei fofo. Pensei que no fundo ela se calhar até tem uma boa intenção. Mas não deixo também de pensar se não é uma forma de esvaziar a palavra feminismo, se não é um “se não os podes vencer junta-te a eles”. Se tudo for feminismo, nada é feminismo. É que a Beyoncé é uma boa cantora (independentemente de se gostar do estilo ou não) com uma boa voz, mas, apesar de se dizer feminista, não consegue deixar de vender o seu produto sem ser pela hiper-sexualização da sua imagem. A Beyoncé cantaria pior se não andasse sempre só de cuecas? Não. A Beyoncé cantaria melhor se se vestisse de freira? Não. Se teria chegado aos tops da maneira que chegou? Aí tenho dúvidas. A Beyoncé entra no jogo do mercado, porque é isso que o mercado pede: mulheres novas e bonitas hiper-sexualizadas.

Ah dizem vocês, mas o fim da discriminação das mulheres também passa pela afirmação da sexualidade feminina. Sim claro que sim, mas o problema é que essa afirmação sexual só é bem aceite pela sociedade se forem gajas novas e boas. Se for uma gorda, velha, mal jeitosa a viver a sua sexualidade de forma descomplexada o mais normal é acabar por ser ridicularizada, achicalhada e queimada viva em praça pública (era isso que se fazia às bruxas, lembram-se?). É que eu estou farta de ver gajas novas e boas retocadas com silicone e photoshop super-hiper-sexualizadas ao gosto do freguês. Que sociedade tão frígida é esta que só se consegue excitar com Barbies e Kens? Eu quero ver mulheres normais hiper-sexualizadas. Quero ver gordas, magras, velhas, novas, feias, bonitas, doentes, sãs, a foderem que nem doidas sem serem criticadas ou achincalhadas. E também quero ver mais homens. Homens que gostam e se excitam com todo o tipo de mulheres. Estou farta de ver mulheres de plástico todas idênticas, mesmo cabelo, mesmo silicone, até a cenaita elas kitam para ficar de acordo com a certificação ISO69, estou farta de bonecas a rebolarem-se em frente às câmaras, estou farta da perpetuação de ideais de beleza tão estanques que se infiltram de maneira indelével na mente das miúdas que, aos 4 anos, já querem ser sexy sem saberem porquê, apenas porque já interiorizaram de alguma forma que se não forem sexys nunca chegarão a lado nenhum. E ninguém lhes diz que o comum dos mortais comparar-se com as modelos das revistas é tão absurdo como o comum dos mortais tentar entender uma tese de doutoramento em física nuclear.

Mas o problema não está em querer ser bonito ou sexy. O problema é isso tornar-se no único objectivo de vida de muitas pessoas, como se esse fosse o único critério de valorização pessoal ou de apreciação possível. O problema é quando a selecção profissional ou a avaliação de carácter passam também a basear-se nisso. Quando as pessoas acham que a única forma de se venderem profissionalmente é veiculando certo tipo de atributos que em nada contribuem para o bom desempenho da sua função (advogadas sexy, cu-cu!). Se tem algum mal fazerem isso? Nenhum, se quiserem perpetuar o jogo e se quiserem atrair clientes que apreciam esse tipo de “narrativas”. Se há quem consiga utilizar a sensualização em seu favor (Beyoncé, cu-cu!), também há quem rapidamente perceba que esse reinado tem um fim: a substituição por outra boneca descartável idêntica quando a idade o peso ou as rugas começam a pesar.

A mulher contemporânea está-se a tornar numa sinédoque em que a expressão da beleza e da sexualidade são suficientes para representarem o seu todo. A culpa não é só de quem tem o poder de decisão (sobretudo homens), mas também das mulheres que entram no jogo e se deixam instrumentalizar e reduzir a bonecas, porque é essa a forma de chegarem aos tops, porque de outra forma ninguém repararia nelas profissionalmente. A avaliação da aparência de uma mulher não deve servir como representação de tudo o resto, de tudo aquilo que ela é ou não é. Para talvez aí as mulheres deixaram de ter de levar com perguntas ridículas dos jornalistas sobre sapatos, cabelos, maternidade e dietas enquanto aos seus colegas masculinos perguntam coisas bem mais interessantes. Vejam por exemplo esta capa ridícula e preguiçosa, os saltos altos representam Hillary Clinton, a parte pelo todo, a sinédoque feminina.

Não, não tenho nada contra mulheres bonitas. Sim, sou a favor de concursos de misses e de top models. Não há mal nenhum na competição da beleza como não há mal nenhum na competição profissional, desportiva ou nos concursos de atiranço de bostas de vaca. O problema é isso aplicar-se a realidades que com a qual não têm qualquer ligação. Imaginem o que era, numa entrevista de emprego para contabilista terem um melhor currículo mas serem relegados para segundo plano porque não conseguem atirar uma bosta de vaca tão longe como o outro concorrente.

A discriminação não tem tanto que ver com a diferença entre géneros mas mais com a relação de poder. Qualquer tipo de discriminação, seja racismo, seja sexismo, seja “homofobismo” existe sempre radicado num desequilíbrio de poder. Alguém só diminui o outro se tiver poder sobre ele, se puder decidir por ele, se o puder manter sob o jugo de um conjunto de regras definidas propositadamente para o diminuir. O desiquilíbrio de poder é que impede a igualdade, não a igualdade totalitária que é absurda e de nada serve, mas a igualdade de oportunidades, a igualdade de opções de escolha, a igualdade de respeito. Hoje infelizmente tivémos mais um péssimo exemplo disso.

(um beijo e um abraço gigantes para a minha musa do feminismo)

Vénia*

Fuck you, não, fuck me (link)

Ah, inquietação, inquietação.

Civilização

17 Janeiro 2014

Éramos todos tão modernos, pós-modernos, pó-pós-modernos, Über-qualquer coisa. Intruídos, cultos, inteligentes. Interessantes, interessados. Explicados, polémicos, brilhantes. Letrados, doutorados, mestres. Cintilantes, soberbos, mediáticos. Educados, refinados, esbeltos. Elegantes. E tão estúpidos.
A arrastarmos connosco as penas que criámos, as responsabilidades que inventámos, para substituir o vazio. Os lugares especiais que alimentavam relações insatisfatórias, migalhas caridosas de atenção. Fodas em desespero.
Jantares onde convivíamos tão civilizadamente, exibindo-nos uns para os outros. Que conscienciosos.
Que justos, que escrupulosos, tão bem formados, que cumpridores. Idiotas.
O tempo que perdemos a fazermos mal aos outros, e a nós, desonestos, egoístas, polidos e corteses.
Joguinho vazio de vida.

publicado por Um Proust Cai Sempre Bem às 19:10

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amuleto-de-proteco-contra-a-inveja-e-mau-olhado-feng-shui-283-MLB4675543082_072013-Oa INVEJA tem muito mau FEN SHUI

Dei com ela muito tarde. Na verdade é um sentimento que não me assiste (tal como a vingança) e tive sempre tanta dificuldade em compreende-lo que na maior parte das vezes em que estava à minha frente nem o reconhecia.

Hoje sei que anda de mão dada com o mau estar de quem a sente, que na sua auto-imagem de insignificância não tem sossego com o que considera melhor ou sucesso dos outros.

XÔ!

* A Forma Justa *

buzios_10Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo

Sophia de Mello Breyner Andresen

* voar *

voaVoar, Helena Almeida

Lembro-me de sempre ter sonhado que voava, volta não volta. Não voava muito alto e tanto podia acontecer em casa como ao ar livre. A satisfação com que me reparava lá no sonho a poder faze-lo levou-me muitas vezes a fazer do voo o sonho do resto da noite, com direito a escolha do local e tudo. Saltava de cima do muro que delimitava a frente do logradouro, da casinha que se debruçava para o vale, com o castelo e o mar ao fundo. Normalmente saltava e veloz pairava pelo prado inclinado, cheio de flores e ervas do campo. Sempre adorei voar nos sonhos mas vai fazer dois anos que não acontece. Quero voar! Sff. (às vezes pedir, ajuda).

Eu * no * Todo

423px-Spinoza_Ethica: ) Descobri que sou Panteísta. Venha de lá, finalmente o Spinoza e a sua Ética : )

Panteísmo

“é a crença de que absolutamente tudo e todos compõem um Deus abrangente e imanente,1 ou que o Universo (ou a Natureza) e Deus são idênticos.2 Sendo assim, os adeptos dessa posição, os panteístas, não acreditam num deus pessoal, antropomórfico ou criador. A palavra é derivada do grego pan (que significa “tudo”) e theos (que significa “deus”). Embora existam divergências dentro do panteísmo, as ideias centrais dizem que deus é encontrado em todo o Cosmos como uma unidade abrangente.3

O panteísmo foi popularizado na era moderna tanto como uma teologia quanto uma filosofia baseada na obra de Bento de Espinosa,5 que escreveu o tratado Ética, uma resposta à teoria famosa de Descartes sobre a dualidade do corpo e do espírito.6 Espinosa declarou que ambos eram a mesma coisa, e este monismo terminou sendo uma qualidade fundamental de sua filosofia. Ele usava a palavra “Deus” para descrever a unidade de qualquer substância. Embora o termo “panteísmo” não tivesse sido inventado durante seu tempo de vida, hoje Espinosa é considerado como um dos mais célebres defensores da crença.7

O panteísta é aquele que acredita e/ou tem a percepção da natureza e do Universo como divindade. Ao contrário dos deístas, ele não advoga a existência nem de um Deus criador do Universo, tão pouco das divindades teístas intervencionistas, mas simplesmente especula que tudo o que existe é manifestação divina, autoconsciente.

De entre as doutrinas ocidentais, o panteísmo é uma das que mais se aproximam das filosofias orientais como o Budismo, o Jainismo, o Taoísmo e o Confucionismo. É também a linha filosófica que mais se aproxima da filosofia hermética do antigo Egito, onde o principal objetivo é fazer parte da conspiração Universal (ou conspiração Cósmica).

Contudo, o panteísta não vê a Ciência de maneira diversa de um ateu, não atribuindo a nenhum tipo de divindade fatos como a origem do Universo, da Vida e da espécie Humana. Deus, no panteísmo, é todo o Universo. O seu templo é qualquer lugar e sua lei é a das Ciências Naturais, a lei natural.

Spinoza defendeu que Deus e Natureza eram dois nomes para a mesma realidade, a saber, a única substância em que consiste o universo e do qual todas as entidades menores constituem modalidades ou modificações. Ele afirmou que Deus sive Natura (“Deus ou Natureza” em latim) era um ser de infinitos atributos, entre os quais a extensão (sob o conceito atual de matéria) e o pensamento eram apenas dois conhecidos por nós.

A sua visão da natureza da realidade, então, fez tratar os mundos físicos e mentais como dois mundos diferentes ou submundos paralelos que nem se sobrepõem nem interagem mas coexistem em uma coisa só que é a substância. Esta formulação é uma solução muitas vezes considerada um tipo de panteísta e de monismo, porém não por Espinosa, que era um racionalista, por Extensão se teria um acompanhamento intelectual do Universo, como define ele em seu conceito de “Amor Intelectual de Deus”.

Spinoza também propunha uma espécie de determinismo, segundo o qual absolutamente tudo o que acontece ocorre através da operação da necessidade, e nunca da teleologia. Para ele, até mesmo o comportamento humano seria totalmente determinado, sendo então a liberdade a nossa capacidade de saber que somos determinados e compreender por que agimos como agimos. Deste modo, a liberdade para Spinoza não é a possibilidade de dizer “não” àquilo que nos acontece, mas sim a possibilidade de dizer “sim” e compreender completamente por que as coisas deverão acontecer de determinada maneira. 5

A filosofia de Spinoza tem muito em comum com o estoicismo, mas difere muito dos estóicos num aspecto importante: ele rejeitou fortemente a afirmação de que a razão pode dominar a emoção. Pelo contrário, defendeu que uma emoção pode ser ultrapassada apenas por uma emoção maior. A distinção crucial era, para ele, entre as emoções activas e passivas, sendo as primeiras aquelas que são compreendidas racionalmente e as outras as que não o são.”

2014*

416520__windows-7-nature-9-hd_pAssertividade… Depois da resiliência… Dizes tu meu amigo e bem 🙂 Pensar que para mim é tudo o mesmo… 🙂 Equilíbrio, Liberdade e como consequência Amor.

Liberdade: Poder e saber Ser o que se vai aprendendo de Sí em cada momento da Vida. Sem rede, sem fronteiras, sem pressupostos, sem necessidade de fugir, iludir, fantasiar, acreditar. Sem necessidade de procurar consolo, reconhecimento, mérito, companhia, movimento que alegre, que traga dormência que esconda o que não se sabe viver no Ser. Nascemos livres, de medos, de equívocos, de preconceitos, de enganos. Nascemos a precisar de pouco, ainda que essencial, porque já temos Tudo. Depois, logo cedo, deixamo-nos arrancar para a vida dos outros, preenchemos-lhes os vazios enquanto no desencontro construímos o nosso e nos perdemos.

Termino o ano a precisar de salvar, urgentemente, o sentido, os sentidos do que tenho o privilégio de saber Viver. Recuperar a Liberdade. A essência, o bem-estar intrínseco 🙂 que tenho a sorte de saber reconhecer como parte de mim. Para se estar Vivo, basta estar acordado e saber desfrutar da imensidão que temos dentro de nós.

Em 2014 quero voltar a sentir-me viva, seja lá de que modo for. Porque não, não “temos que cá andar”… Mas eu gosto de estar viva a sentir-me bem.

Investir no silêncio e na quietude que nos permite o encontro com a verdade, com o pleno, com o natural de que somos feitos e fazemos parte, é bom e o melhor que temos para partilhar 🙂

2 + 0 + 1 + 4 = 7 * 🙂 que se reencontre a “Magia” 🙂